Odiar e desejar o mesmo homem

1359 Words
Após uma noite inteira sem conseguir dormir direito, Ellie não estava nada disposta quando o guincho conseguiu tirar o carro dela da lama. Dentro de aproximadamente meia hora, ela estava pronta para voltar para casa e tomar a sua rotina normalmente. Graças ao acontecido do dia anterior, mais uma vez precisou dar uma carona para o Peter. A trajetória de volta para o centro foi um tanto desconfortável, os dois não tinham coragem de sibilar uma única palavra. — Eu acho importante conversarmos sobre o que aconteceu ontem.— disse Peter, assim que o carro estacionou na frente de sua casa. — Não aconteceu nada. Eu não quero ouvir esse assunto. — Tudo bem, eu não vou insistir. Mas uma hora não tem como continuar ignorando, Eleanor, você precisa encarar os fatos. — Fatos? Quais fatos? — Que talvez a gente não se odeie tanto quanto pensávamos. Ele não deu tempo de Ellie responder, apenas saiu do carro. Ela bufou, contrariada. Como conseguiria lidar com aquele acontecido? Achou melhor não se atordoar mais com tantas perguntas, deu partida no volante. Aproveitou alguns minutos para descansar em casa, antes de ter que retornar a fábrica e encontrar com o Peter novamente. Ao voltar para a Dynasty e passar pela sala do seu sócio, se deparou com a porta entreaberta. Peter já estava lá e na companhia da Sasha, que não perdia uma oportunidade de estar a sós com ele. Ao perceber a chegada dela, Peter, sentado em sua cadeira, enrijeceu o corpo. Percebendo a rápida mudança no comportamento do outro, Sasha voltou-se para trás. Ela sentiu uma sensação muito r**m ao se deparar com Ellie. Os olhares trocados entre Ellie e Peter eram de tensão. Sasha logo chegou a conclusão de que havia algo errado. Ellie se apressou em caminhar para a sua sala, não tinha interesse em manter aquele contato visual. — O que está acontecendo entre você e essa moça, Peter? E por favor, não insulte a minha inteligência dizendo que não é nada. Foi muito estranho aquela noite. Foi muito estranho você não ter conseguido… — Eu estava bêbado e cansado, certamente isso não é uma combinação boa. Agora, por favor, aqui dentro da fábrica vamos falar apenas de assuntos profissionais. Qualquer coisa relacionada a nossa vida pessoal, falamos lá fora.— Peter ficou de pé. — Vai sair? Peter a lançou um olhar desdenhoso, mas não a respondeu. Não devia satisfações da sua vida para Sasha. Por mais que ela fosse de extrema importância para a nova cara que queria dar a sua marca, não lamberia o chão que Sasha pisava. Ele saiu da sala logo em seguida e Sasha não insistiu. Obviamente ela não aceitaria de bom grado aquele destrato e deixou imediatamente a sala de Peter. Chegou a ver quando o homem adentrou a sala da Ellie, mas não ficou para ver. Já estava muito claro para Sasha o que estava acontecendo e aquilo não a agradava em nada. Sasha não estava acostumada a perder, e não aceitaria perder o Peter para uma moça tonta do interior. No entanto, Sasha sempre foi estrategista. Ela não criaria uma cena na frente da sua rival. Saberia o momento propício de atacar, sem que Peter achasse que ela estava rastejando aos seus pés. Do outro lado do edifício estavam Peter e Ellie, frente a frente. — Se veio me cobrar respostas dos resultados dos representantes da minha categoria, saiba que o time de marketing convocou uma reunião para esta tarde… — Eu já estou sabendo, Eleanor, mas não foi disso que eu vim falar. Ellie respirou fundo. Ela já desconfiava do que poderia ser. — O que você quer? — Eu… Eu não estou sabendo como lidarcom essa situação, e eu acho que ignorar o que aconteceu ontem só vai deixar a situação mais desconfortável. — Não sei do que está falando, Fernsby.— ela cruzou os braços. Ele arqueou uma das sobrancelhas, se sentiu afrontado com a súbita falta de memória dela. — Ah, não sabe? — Não, não faço a menor ideia, até mesmo porque ontem eu não estava com você. — Que brincadeira é essa, Eleanor? — Eu decidi que para seguir a vida normalmente precisa ser assim. Não bati no seu carro… — Ah, não? Vou te mandar a conta do mecânico.— ele a interrompeu, irritado. — … Não te dei carona nenhuma para a casa de campo. Não atolei o meu carro na lama e não fiquei com você naquele escritório. Ou seja, o dia de ontem simplesmente não aconteceu. — Ah, não aconteceu? Então tudo bem.— ele caminhou mais alguns passos para a frente, diminuindo a distância entre eles.— Sendo assim, vou refrescar a sua memória. — O que você está querendo dizer com…— ela não conseguiu completar a pergunta. De repente Peter estava próximo de mais, até que a boca dele cobriu a sua, mais uma vez. Aquela forma que o Peter encontrou de calar a boca dela era muito eficiente para ele, e bastante irritante para ela - nos primeiros minutos após o beijo-. Peter investiu contra ela com um beijo agitado, uma de suas mãos segurou a nuca dela. Quando Ellie menos percebeu, estava contra a parede, com Peter grudado nela. Dessa vez ela não se debateu, aceitou o beijo de bom grado. Um de seus braços envolveu o pescoço do Peter, enquanto ela o retribuía. Peter a beijava com uma mistura de raiva e desejo que a intrigava bastante. Carregando a moça no colo, Peter caminhou com ela de volta para a mesa executiva, apoiando-a sobre o lugar e se posicionando no meio das pernas dela. Ellie usava uma saia de couro que prontamente se tornou bastante curta em suas coxas grossas. Peter apertou suas duas coxas, deixando marcas na pele branca. Ele a pressionou contra o seu m****o já enrijecido e Ellie arquejou em meio ao beijo quando sentiu a ereção dele latejar no meio de suas pernas. — Eleanor…— ele se afastou o suficiente para murmurar. — Peter, não, por favor.— ela também murmurou, de olhos fechados. — Eu só te beijei para te provar que a sua memória não é assim tão falha.— ele se afastou logo depois. Estava ofegante e inquieto, Eleanor provocava mesmo muitas reações perigosas no corpo dele. — Disso eu não faço a menor questão de lembrar. E eu te falei para não chegar mais perto de mim. — Você parecia estar gostando bastante. — Não seja ridículo.— ela revirou os olhos. — É mesmo impossível conversar com você, eu não sei porque eu ainda tento.— Peter deixou a sala dela logo depois. Ellie respirou fundo, ainda sentada sobre a mesa. Tocou a própria testa, estava bastante febril. Em poucas horas os resultados revelariam os escolhidos para representarem a sua marca na Dynasty. Prontamente a mulher ficou de pé e foi lavar o rosto. Precisava recuperar a compostura, não permitiria que Peter Fernsby a tirasse do eixo daquela forma. Mas o que significaram esses beijos, afinal? Ela tinha certeza exata do que sentia por ele: ódio. E aquele ódio era totalmente recíproco, sempre foi. Por que Peter a estava deixando tão perturbada? Todas aquelas perguntas possivelmente ficariam sem respostas, porque Ellie não pretendia mexer naquele assunto. Aqueles beijos que trocou com Peter Fernsby ficariam para trás, assim como aquela confusão que ela estava sentindo. Talvez fosse possível desejar o odiar o mesmo homem. Ellie só não sabia que poderia desejar justamente Peter Fernsby, aquele homem egocêntrico, narcisista e soberbo que ela nunca gostou. Para uma mulher tão simples como Ellie era um pesadelo querer - o mínimo que fosse- um homem como Peter Fernsby. Só de sua boca sibilar o nome dele já era motivo para colocar os cabelos de Ellie em pé. Estava resolvido, Ellie não só esqueceria do beijo entre eles, como também esqueceria até o nome daquele sujeito. Tudo aquilo foi bom para Ellie chegar em uma conclusão: Ela aceitaria expressamente a proposta de Peter. Dentro de um ano, se ela não ganhasse o cargo, sairia da fábrica. O melhor que poderia fazer era garantir distância daquele homem.
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