Dylan
Ela já está alterada pela bebida, o que facilitou o meu trabalho de convencê-la. Fiquei paranoico demais depois do que houve no bar e nem que me matassem ali mesmo, eu a deixaria voltar sozinha para sua casa. Pela estupidez daquele rapaz, eu julgo que era um ex namorado, mas também não vou perguntar nada a respeito... Sei que em menos de uma semana, o meu pessoal vai descobrir para mim até quantas vezes ele vai ao banheiro por dia, então, não farei perguntas agora. O caminho para a minha casa está sendo silencioso, pois ela não para de tentar ligar para sua amiga e não tem resposta. Ao chegar na minha casa, ela consegue ser atendida finalmente, e enquanto eu guardo o carro na garagem, a deixo sair para que converse com sua amiga em paz. Olho na tela do meu celular e a primeira coisa que aparece, é um número desconhecido com a mensagem: Anne Marshall...
O sujeito está na quinta com a Springfield... Perfeito... Aquele bairro é um infern0 em certos horários. Ao ver a Luna se aproximando pelo retrovisor, desligo o celular rapidamente e coloco no bolso. Finjo fazer qualquer coisa aleatória só para manter a brincadeira e antes dela bater no vidro, eu saio do carro e a vejo com um olhar animado.
- Essa é sua casa? - Ela pergunta curiosa.
- Uma delas.
Mostro a ela o caminho da porta que sai do lado do meu quarto. Para a minha surpresa, enquanto estava ativando os alarmes da casa, ouço a risada dela e ao olhar para trás, a vejo brincando com o Max. Pensei que ele ficaria bravo ao ver um estranho, mas não... Isso é bom, eu acho...
- Gosta de cachorros? - Pergunto tentando puxar assunto.
- Eu amo cachorros.
- Bom saber. - Me aproximo deles e apenas observo o maravilhoso sorriso dela. - Deus... Como é linda... - Penso alto demais, porém me recomponho rápido.
- O que?
- Nada... Vamos beber? - Disfarço e ela concorda sem pensar duas vezes.
- Você tá convidado a ficar com a gente, garotão. - Ela fala olhando para o Max.
Mostrando a ela o caminho da minha sala, olho novamente o celular e vejo outra mensagem: Amélia Levine.
Infern0, como vou resolver isso com reuniões marcadas para amanhã? Só podem estar brincando comigo... Esse não está tão longe do primeiro, que está na quinta com a Springfield, esse está a apenas uma rua de distância...
- Oi? Dylan?
- Desculpe... Era do trabalho.
- Tudo bem... Só queria dizer que acho sua casa muito linda.
- E eu agradeço senhorita Luna. - Digo passando por ela e entrando no meu salão.
Passei direto até o meu bar, e ao começar a preparar nossos drinks, a vejo de boca aberta olhando os meus quadros. Fingi não estar observando, porém o olhar dela está me puxando... Merda, eu não posso, mas o que essa menina tem que está me deixando assim? A intenção era usá-la como isca, mas se eu não me controlar, vou causar mais problemas...
- Quem fez esses quadros?
- Eu...
- Pensei que você fosse apenas um ilustrador. - Ela me interrompe vindo até mim. - Porque todos são assim? Com cores escuras? - Ao vê-la se debruçando no balcão, meus olhos vão ao encontro dos peit0s dela, que nesse decote... É um pouco difícil resistir.
- Pinturas retratam o que sentimos, Luna. Uma boa parte de mim, está nessas paredes...
- É uma parte boa? - Sou interrompido outra vez, mas agora ela pega o copo da minha mão. Então, eu apenas faço uma negativa com a cabeça. - E porque?
- Você não vai querer me conhecer...
- Tem tanta certeza disso? - Ela tá se aproximando demais. - Porque não me mostra algo?
- Luna... Você está bêbada. - A impeço antes de suas mãos levantarem a minha camisa. - Não posso fazer isso.
- É uma pena... Você é tão bonito...
Para a minha sorte, o remédio começou a fazer efeito e ela começou a cambalear. Preciso levá-la de volta; o trabalho não será feito por outra pessoa. Droga... Como eu queria isso, Luna... Com ela em meus braços, a levo para o meu carro, pego algumas coisas para terminar as tarefas de hoje e saio rumo a casa da Luna. Pelo atalho não demorei muito a chegar e logo na porta, sou recebido pelo pai dela, que me olha como quem quer me repreender, mas é muito melhor que não abra a boca para isso... Cuidar de apenas uma filha, deveria ser sua tarefa principal, mas pelo o que Olívia me contou, ele não está nem aí para essa menina. Apenas passo Luna para os braços dele e sem dizer uma palavra, dou as costas para voltar ao meu trabalho.
Luna
Na manhã seguinte...
Acordei um pouco tonta e com uma ressaca do infern0... Eu só me lembro de estar com o Dylan ontem a noite, mas nada além disso e agora, logo cedo acordo com gritos do meu pai com um dos seguranças. Começo a pegar minhas coisas para ir para empresa, e ao terminar minha higiene pessoal da manhã, me assusto com a entrada do meu pai no quarto.
- Bom dia para você também...
- Não vem com essa Luna... Que história é essa do Lucas? E o que você foi fazer no Midnight ontem a noite? Já não disse que você está proibida de ir até lá...
- Proibida? E quem foi que me proibiu? - O interrompo me esforçando para não ficar nervosa. - Primeiro de tudo, o Lucas foi até a empresa ontem e como não me encontrou, foi até o Midnight. Eu estava lá com a Alex...
- Claro, com a amiguinha delinquente...
- Você não ouse falar assim dela! - Minha voz fez minha cabeça ecoar, mas não desci do salto. - Quem é você para julgar as pessoas pelos erros delas!? Vamos me fala! Você tem culpa no cartório também e não se atreva a falar mau da minha amiga de novo, ou eu juro, que farei coisa muito pior, do que só ir até o Midnight...
- Está ameaçando o seu pai?
- É bom que você tenha me escutado! Deixa a Alex bem longe dessa discussão! - Grito, mas nem o deixo continuar falando; pego minhas coisas e me retiro.
Ele me segue falando merda, mas eu não dou a mínima e sigo meu caminho direto para o meu carro. O cara fala de proibições, mas nunca me deu um motivo que fizesse sentido para que eu parasse de ver a Alex e agora vem chamando ela de delinquente. Para julgar as pessoas pelos erros delas, você tem que ser um padre e olha lá... Que nem padre se salva de cometer erros. Fiz um outro caminho hoje, pois estou extremamente curiosa para saber o que houve com a Alex ontem a noite e ao chegar na casa dela, vou entrando como sempre faço, porém, na sala ouço um som, parecido com um tapa... Ao me aproximar tentando fazer o menor ruído possível, vejo Alice caída no chão, com marcas roxas em seu rosto e em seus braços também e um cara com duas vezes o nosso tamanho se deliciando com a cena, mas o desespero toma conta de mim, no momento em que o sujeito se vira e me olha no rosto.
- Alice por favor levanta... - Peço e ao ver o homem avançando para cima de mim, tento me manter o mais perto possível da porta, mesmo estando com muito medo pela Alice. - Onde... Onde a Alex está?
- Você deve ser a Luna... Você é uma gracinha vista de perto sabia? - Essa voz... Não é estranha, mas não consigo me lembrar de quem é agora, pelo menos não no meio dessa situação. - Vem cá pirralha!
Por ser pequena, é fácil de se enfiar em lugares que gente desse tamanho não consegue entrar, então, consigo passar por debaixo dele com facilidade e só por isso ele não me pega, porém, ao chegar na porta dos fundos, ouço novamente a Alice gritar e por isso sou forçada a ficar imóvel.
- Se for embora, ela morre e depois vou atrás da sua amiguinha.