Luna
Já passa das sete e como eu já esperava, nada de mensagens ou ligações do meu pai, ou até mesmo resposta das mensagens que eu enviei. Então eu me arrumei como uma verdadeira deusa, peguei a minha bolsa e agora estou indo até meu carro. Alex pediu para que eu fosse até a casa dela antes, porque se não, a Alice não vai deixá-la sair... Típica mãe babona... Chegando na casa da família Parker, fui entrando como de costume e antes mesmo de abrir a porta da sala, escuto Alice repreendendo Alex por estar fazendo coisa errada, que eu já imagino o que possa ser.
“Mãe e filha no mesmo barco... Poxa...”
Eu sei que a briga é delas e que não sou uma pessoa muito diferente da Alex para repreendê-la, mas vou tentar conversar a respeito. Não é justo ela ver sua mãe presa nesse mundo, para depois cair de paraquedas só para fazer companhia. Daqui uns tempos se continuar desse jeito, não vai ser nada fácil salvar nem a Alice, nem a Alex...
- Mãe por favor... Meu Deus, oi Luna, eu não vi você chegar.
- Tudo bem. - Eu aqui toda sem graça, enquanto o p4u quebra entre elas.
- Oi Luna, a quanto tempo. - Alice me puxa para um abraço forte, porém nem me deixa responder: - Por favor, me ajude a colocar juízo na cabeça dessa menina, não deixa ela usar nada diferente, além da bebida. Deus é perigoso demais vocês duas sozinhas. - O tom de voz dela é bem preocupado, o que me joga de volta a estaca zero, Deus é testemunha do quão difícil é fazer a Alex entender alguma coisa.
- Ela tá exagerando, Lu...
- Você gostaria de explicar então o que são aquelas coisas na sua bolsa? E quem era aquele bandinho que você estava na volta do trabalho? Você é muito boba se acha que eu não sei das coisas que anda fazendo Alexandra! - Alice interrompe a filha, bombardeando ela com perguntas, que provavelmente não serão respondidas.
- Eu já disse que não são nada e aqueles são meus amigos! Vamos, Luna. - Alex passa por mim e me puxa pelo braço até a porta, enquanto Alice coloca algo na minha mão antes de sairmos.
No carro para a festa, eu percebi que Alex nem quis abrir a boca, pois com certeza está pensando que eu irei repreendê-la, mas sendo bem sincera, não quero me meter na encrenca, a menos que ela me peça ajuda. A mãe dela com certeza deve estar me pedindo ajuda por meio daquele papel que colocou na minha mão, mas o que poderei fazer se a própria cria dela é mais difícil que uma criança de 10 anos de idade?
- Aí chegamos! - A voz da Alex me trás de volta aos pensamentos e eu até me assusto com a quantidade de carros parados. - Olha que a noite ainda nem começou e já tem tanta gente!
- Que ótimo né...
- Amiga... O carro do Thorn tá ali! - Haja empolgação...
- Alex, não grita eu estou do seu lado. - Digo estacionando o carro.
Entramos as duas arrumando as roupas. Eu confesso que comecei a procurar o Dylan pela festa, mas duvido que vou achá-lo no meio dessas luzes que parecem um videogame...
- Para começar a noite! O melhor Whiskey de toda cidade! - Alex chega com dois copos, e eu nem sei como ela conseguiu essas bebidas tão rápido. - Quero fazer um brinde ao seu sucesso. Você subiu muito na carreira menina. Eu tô muito orgulhosa de você, sabia?
- Fico triste que você não aceite vir comigo nessa, mas muito obrigada; sentir que alguém está feliz por você, é muito bom. - Com um sorriso bobo no rosto, nos abraçamos e rimos que nem duas doidas. - Um brinde, a nossa amizade!
- Eeeee!
Eu sabia que essa atentada está pior que na época da escola e ainda aceitei vir com ela... Meu Deus do céu... Não faz tanto tempo que chegamos e eu já estou vendo tudo meio embaçado... Depois de várias dessas doses, percebi que ficou apenas eu no balcão. Alex já estava do outro lado do bar, com uma mulher, então, eu até fiz sinal para o garçom dizendo que quero outra dose, mas um homem se aproximou de mim e se sentou ao meu lado.
- Oi. Você é a garota de hoje de manhã, não é? - Essa voz... A minha cabeça até foi colocada no lugar.
- Olá. Sim, sou eu...
- Eu sou Dylan, muito prazer. - c****e! O HOMEM QUE ME ATIÇOU DAQUELE JEITO ERA O DYLAN THORN!????? Meu Deus... Que vergonha... Para apertar mão dele, eu senti meu rosto pegando fogo instantaneamente. Eu só não sei como ele me reconheceu nesse lugar cheio de luzes.
- Eu sou Luna... O prazer é meu. - Ao criar coragem para olhar no rosto do homem, noto como até com essas luzes ele é perfeito. Com essa roupa mais casual, esse corpo musculoso... Esse cabelo bagunçado e esses malditos óculos...
- Aceita tomar um drink comigo, Luna? - Ele pergunta ao ver o garçom chegando com a minha bebida. - Eu juro que é só para uma bebida. - Antes mesmo de eu responder, ele percebeu que fiquei receosa ao aceitar.
- Aceito vai.
Ele me mostra a mesa que estava sentado e me pede para ir na frente, enquanto ele pega as bebidas. Deus a Alice vai me matar... Perdi a Alex de vista... Ao ver o Dylan retornando a mesa, continuo tentando procurar pela Alex, mas não a encontro de jeito nenhum.
- Está tudo bem?
- Sim, é só que eu perdi a minha amiga de vista. - Digo pegando o copo da mão dele.
- Veio com a Alexandra? - Assinto em concordância e ele acrescenta: - Vi ela saindo com uma mulher.
- Ah... Vou ligar para ela mais tarde então... Agora me diz, a quanto tempo conhece a Alex? - Pergunto curiosa, para dar início a uma conversa.
- A bastante tempo, e você? A quanto tempo a conhece? - É fácil perceber que esse cara é estranho... Ele não esboça nenhuma reação com nada.
- Desde a época da escola.
- Bonito, não é Luna. - Outra voz conhecida entra na conversa, e por saber quem é, meu olhar desapontado volta para o rosto do Dylan. - Era por isso que não queria me receber? Já estava se esfregando em outro né?
- Lucas por favor... Aqui não é o lugar...
- Vamos, vem comigo. - Ele me interrompe pegando meu braço. - Vamos!
- Que isso!? Dá para me soltar!?
- Ela mandou você soltar. - Deus do céu, isso vai dar problema. - Não ouviu? - Dylan continua, e atrai a atenção do Lucas, que aperta ainda mais o meu braço.
- E quem é você pra me dirigir a palavra!?
- Lucas, Lucas não. Aqui não por favor. - Digo pedindo a Deus que um não avance em cima do outro, mas com a aproximação do Lucas, o Dylan se levanta da cadeira e eu começo me sentir um inseto no meio dos dois.
- Vamos, solta ela. Não me obriga pedir uma segunda vez, porque eu prometo que se me colocarem para fora daqui, vou quebrar os seus dois braços lá fora. - A voz do Dylan é grave, alta e clara e coloca medo até em mim. Os dois se encaram por longos minutos, até que o Lucas decide me soltar.
- Isso não vai ficar assim...
- Acha que eu tenho medo de você? Não me faça rir. O que eu sinto de você, é pena. - Com a interrupção do Dylan, deixou o Lucas com mais raiva, mas ao avançar para cima, o Dylan apenas se afasta da mesa e deixa que Lucas vá com tudo para cima das mesas das outras pessoas. - Olha o que ele fez com você. - De uma hora para outra, o Dylan se aproxima de mim e pega meu braço que está com uma marca roxa grande das mãos do Lucas.
- Maldito!
- Amigo! Cai fora! Agora! - O garçom vem ao nosso encontro, mas já vem com um taco de beisebol na mão e acompanhado de dois seguranças.
- Eu já vou! Não toque em mim, eu já sei onde é a saída!
Após a saída do Lucas, apenas deixei que o Dylan se ocupasse conversando com o garçom para que eu pudesse ter um tempo no banheiro. Tento ligar para o meu pai repetidas vezes, mas como esperado, ele não atende, então mudo para a minha tia Olívia; ela é do NYPD e já atendeu ocorrências do Lucas por estar me atormentando e ela sim eu tenho resposta e em poucos segundos após receber sua mensagem, ela retorna:
- Oi, meu amor. Precisa de algo? - Tia Olívia como sempre, um amorzinho de pessoa.
- É o Lucas tia... Ele tá aqui no Midnight e eu tô morrendo de medo de sair do bar.
- Ele te machucou Luna? - Ela me pergunta aflita e acrescenta: - Falei com o seu pai sobre esse cara, mas parece que ele tá mais preocupado com o próprio rab0...
- Ahhh... E desde quanto o meu pai se importa com algo que não seja ele mesmo... - A interrompo desapontada. - Enfim... Ele só apertou meu braço, não foi nada demais, mas só pela voz dele eu fiquei com medo de sair do bar e voltar para casa.
- Você está com quem?
- Estava com a Alex, mas algo deve ter acontecido, porque ela saiu sem me avisar e até agora não voltou... Estava na mesa com o Dylan a alguns minutos. - Explico tentando passar algo no meu braço para esconder essa mancha enorme.
- Que Dylan?
- O Thorn. Acabei de conhecê-lo. - Digo toda boba.
- Peça para ele acompanhar você até em casa... Agora não consigo sair para te buscar, mas de qualquer maneira, mandarei uma viatura para ficar de vigia, ok? - A cara como eu amo ter essa mulher como minha parente.
- Ok então... Amanhã pode passar na empresa? Podemos tomar um café amanhã... Tenho me sentido tão sozinha esses dias tia...
- Oh minha menina... - Ela nem me deixa terminar minha frase, e acrescenta: - As vezes eu tenho vontade de matar o seu pai só por ter te deixado tanto tempo sozinha... Pode deixar que amanhã vamos tomar o café e olha só! Amanhã eu tenho folga, que tal irmos a um SPA? Estou precisando muito de um descanso.
- Nossa é claro que eu topo, tia!
- Perfeito! Então amanhã eu ligo quando estiver indo te buscar! Agora eu preciso ir meu bem, estou no meio de uma ronda e não posso ficar com o telefone.
- Tudo bem, tia. Até amanhã. - Me despeço dela e de repente escuto batidas na porta.
- Até minha linda e se cuida por favor tá? Não hesite em me chamar se o Lucas voltar a encher o saco.
- Pode deixar. - Desligo o telefone logo em seguida e saio até a porta. Não estava esperando encontrar o Thorn na porta me esperando e como sempre, de rosto fechado sem ao menos mostrar que sente alguma coisa. Ele parece estar entediado com tudo... - Ah, oi.
- Eu posso te levar para casa?
- Claro. - Eu nem sei porque, mas estou sentindo meu rosto corando e isso não devia estar acontecendo na frente dele.
- Então vamos. Meu carro está nos fundos; eu só vou pagar a conta.
Ele nem se quer me esperou dar o dinheiro do que eu e a Alex gastamos e me puxou para perto de seu corpo. Passamos no caixa e ele deixou uma quantia gorda para pagar o que consumimos e ainda deixou que ficassem com o troco...
“Ok... Ignorante ele né? Eu só queria ajudar...”
O homem abriu a porta do carro para mim, e entrou logo em seguida. Seguimos calados, pois eu nem se quer consegui vencer minha vergonha por conta do vexame que o Lucas me fez passar e como o Dylan também não disse nada, decidi ficar na minha. De repente, meu celular vibrou e ao ligar o aparelho, fingi estar chocada com a mensagem do meu pai dizendo que se esqueceu do nosso jantar e para ser bem sincera, nem me deu v****************a resposta, porém, ele disse também que vai tomar providências necessárias quanto ao Lucas e fará que ele não me perturbe mais... Assim eu espero né... Eu apenas respondi dizendo que passarei a noite fora. Vou para o meu outro apartamento, quero distância da minha casa, pelo menos por hoje.
- Algum problema?
- Nenhum... É só o meu pai dizendo que se esqueceu de novo do compromisso que tinha comigo. Padrão sabe? - Apesar de já estar esperando isso, minha voz sai carregada de desprezo.
- Pode parecer um pouco estranho, mas... Aceita ir para outro lugar comigo? Nem tivemos tempo de beber e bater um papo.
- Aceito sim. O meu plano hoje era passar a noite toda me divertindo, mas a minha companheira de copo me abandonou e não me disse nem o motivo. - Digo vendo se tem alguma mensagem da Alex.
- Perfeito então.