Nos veremos novamente!

2587 Words
Emily      Estar no meio de um fogo cruzado nunca dá certo, e ser a razão desse problema está me deixando paranoica... Estou com tanto medo, que nem se quer consigo abrir a boca. Minhas mãos estão suadas, consigo ouvir as batidas do meu próprio coração de tão nervosa que estou; sinto que minha boca está secando e minha sede crescendo... Eu tremi que nem uma vara verde quando meu pai chegou tão perto... Será que consigo enfrentá-lo? Será que consigo enfrentar a minha família? Merda; tantas perguntas que não consigo responder... Aiden não devia ter enfrentado meu pai daquele jeito, e isso só vai gerar mais problemas tanto para mim, quanto para ele... Algo em mim, está me dizendo que o conselho de maricas vai fazer o possível para que essa, seja a última vez que eu passei por cima das regras e com certeza eles me lembrarão isso quando ficarem uma estaca no meu peito.     Estou a caminho de casa agora enquanto o Aiden está indo pelos telhados, e parece estar falando com alguém, mas daqui debaixo eu não consigo ver, ou ouvir quem quer que seja. Nunca senti tanto medo na vida, pode ser que por isso que meus sentidos estão bagunçados... É incrível o que pode te acontecer quando se está sob o controle de alguém; e eu tenho que confessar... Nem que eu morra hoje; a decisão de entrar naquele apartamento foi a melhor que eu tomei. Só de pensar no momento que tivemos juntos... Só de imaginar aquele corpo grande sobre o meu... Consigo me sentir tão leve...    - Pois é, eu também me sinto assim... Tem que aprender a pensar mais baixo. - A voz de Aiden invade meus pensamentos, e eu nem me dei conta de que pensava alto demais.    - Desculpe... Estou com medo...    - Eu sei, mas não deixe esse medo te consumir; ou será a nossa ruína... - Ele fala se aproximando de mim, e num estalar de dedos; nossas bocas se encontram. - Por favor... Tem que conversar com eles e evitar se exaltar.    - Mas como faço isso, se nem se quer consigo olhar nos olhos do meu pai.     - Tente agir naturalmente... Vou conseguir ajuda; te prometo que não vou demorar a voltar.     Nem consegui tempo para respondê-lo de tão rápido que ele saltou até o telhado... Aqui na porta de casa, sinto como se estivesse sendo encarada pelos olhos ameaçadores do meu pai, das minhas irmãs, e aqueles que mais me machucam... O olhar da minha mãe.    Meus passos são de uma garotinha assustada, e machucada, mas me esforço ao máximo para chegar no salão do conselho, que foi o primeiro lugar que pensei que encontraria todos eles. E assim aconteceu, logo da entrada vejo todos eles sentados em suas cadeiras, e com certeza estavam a minha espera... O brilho da Lua é forte, e sendo sincera, acho que é uma vista linda antes de virar cinzas...    - Sente-se desertora! - O grito de meu pai deixa claro que está furioso, pois nunca ele se referiu a mim dessa maneira, mas para dizer a verdade, não sei dizer se ele está assim para agradar as mocinhas, ou se realmente ele está bravo.    - Você passou por cima das nossas leis novamente, mas dessa vez... Foi a gota d’agua.    - Vão me matar por querer ser feliz? - Pergunto firme, e curiosa, porém amedrontada. - Vocês por acaso foram felizes? Me diga! Foram felizes com essas vidas patéticas que vocês têm!?     - EMILY! - Meu pai esbraveja tentando me interromper, mas não dou ouvidos.    - Se querem me matar por isso, vão em frente! VOCÊS NÃO TINHAM O DIREITO DE DECIDIR SOBRE A p***a DA MINHA VIDA!     Nem se quer percebi meu pai chegando, e só voltei a mim mesma, quando senti o peso de sua mão contra o meu rosto.     - Prendam-na! - As princesas ordenam. - Minha cara Emily... Seu castigo será 50 açoitadas, e se você aguentar; poderá viver; mas... Não pense que será fácil.     Me prenderam em uma parede, e de repente sinto um choque nos meus pulsos. As algemas são de prata, mas isso não seria problema, até o momento em que elas se fecharam; eu consegui ver várias lâminas que fazem jorrar sangue dos meus pulsos. Provavelmente para não usar minha magia contra ele... Essas algemas impedem que meus pulsos se regenerem; pois ela não deixa nem a ferida se fechar para se regenerar. Para a minha desgraça, em poucos segundos eu parei de sentir meus braços, mas não parou por aí... As chicotadas começaram, e os cortes nas minhas costas surgiram... Esse chicote faz cortes fundos na minha pele, mas como ainda não perdi sangue o bastante, a minha regeneração ainda é alta e por isso eles se aproveitam, mas essa dor... Essa dor é insuportável...     Não consegui suportar e acabei urinando presa nessa maldita parede, essa dor é demais... Minhas pernas ficam sem força a cada açoitada, mas graças a Lua, ouvi um barulho e por isso o executor teve pena de mim. Seja lá quem for é bem tarde para mim; minha visão está se escurecendo, não tenho forças para ficar de pé, minhas feridas já não estão mais cicatrizando por conta de toda prata que usaram em mim... Nem se quer consigo abrir a boca, mas de repente ouço a voz dele:    - Calma! Eu só vim conversar! - É o Aiden.    - É muita ousadia sua vir aqui!     - O que esse cachorro veio fazer aqui!?     O pouco que consigo ouvir, são os membros do conselho se apavorando, mas do nada, ouço um tiro que infelizmente eu não consigo ver para onde foi disparado. Não sei porque comecei a fazer isso, mas tentei puxar as correntes com a pouca força que ainda me resta, porém, isso foi a coisa mais estúpida que já fiz hoje... Depois de muito tentar, consigo finalmente quebrar as correntes, mas meu corpo cai no chão exausto, e então, uma risada maléfica adentra meus ouvidos. Ao levantar um pouco a cabeça para ver o que está acontecendo; vejo Aiden de cabeça baixa, porém, infelizmente ele está de costas para mim.    - Eu avisei... O que aconteceria se tocasse nela outra vez.    Eles continuaram atirando, até que ouviram os primeiros ossos se quebrando. Dá para ver que estão desesperados, mas meu pai parece ordenar aos outros que fiquem e morram por ele, mas Aiden não dá trégua e parte pra matança sem controle. À medida que ele mata, os ossos dele se quebram mais, e por isso ele se contorce dessa forma... E tem uma coisa... Uma coisa que é anormal, e eu posso garantir isso, ignorando a pouca visão que tenho no momento. Porque ele está controlando o próprio sangue? Ele é um lobisomem, e a regra é mais que clara... A magia foi dada aos vampiros como um meio para sobreviver dos caçadores, e dos lobisomens... E agora, pelo o que parece; temos dois problemas em um só... O Aiden é um caçador, e ao mesmo tempo... A p***a de um mestiço... Como isso é possível!?    - c****e o que fizeram com você... Vem, eu vou tirar você daqui.    - Mason? - Sussurro enquanto me esforço para não fechar os olhos.     - Isso, mas não se esforça por favor, vou levar você pra casa dele. - Fala me pegando no colo e saindo do lugar.     - Espera... Ele não pode... Ficar aqui...    Não consigo resistir a dor, os cortes não se regeneram mais por causa de tanta prata no meu sangue; estou exausta... Não consigo mais ouvir nada, e finalmente consigo um pouco de descanso ao deixar que o cansaço tome conta de mim.  [...]    Aiden      [...]    Depois do que eu fiz naquele salão, infelizmente não consegui manter a minha forma por muito tempo, e por causa disso estou com uma certa dificuldade para chegar em casa. Estou próximo do meu prédio, mas para o meu azar, estou quase apagando... Meu corpo tá praticamente sedado; usaram muita prata nas balas, nos chicotes, até mesmo nos dardos que tentaram usar para me apagar; isso é r**m porque ainda me machuca... A cada passo meu, sinto as balas mexendo e as feridas se abrindo cada vez mais... Finalmente consigo entrar no meu prédio pela porta dos fundos, e graças a Lua eu entrei no elevador sem ninguém me ver.     Meu corpo caiu de b***a no chão, e só por isso, eu consegui ver na minha perna, uma muda de acônito... É por causa dessa merda que estou me sentindo tão dormente. A anos venho ingerindo acônito para criar resistência, e se não fosse por isso, a minha morte já era certa com certeza. A porta do elevador finalmente se abre e acabo tendo que me apoiar na parede para conseguir caminhar, mas ao chegar no meu apartamento; o cansaço parece ter chego a níveis extremos.     - Aiden!    - C*****o você ainda tá vivo!? - Ouço a voz do Mason, mas para dizer a verdade, quase não consigo entender o que ele diz.     - Antígeno...    - O que?    - Pega... O antígeno na geladeira. - Peço e ele sem pensar duas vezes corre até a geladeira.     No instante que sinto o remédio circulando na minha corrente sanguínea, as balas de prata começam a ser expelidas, e os furos começam a se fechar.    - Vocês têm pouco tempo... Melhor aproveitar... Avisarei quando eles vierem. - Ao escutar apenas assinto, e começo a andar até Emily.     - Aiden venha comigo... Podemos viver juntos...     - A igreja vai me caçar onde eu estiver... Depois de hoje; quero te manter longe daqui. - Digo encarando o olhar morto dela, e isso me corta o coração em mil pedaços. - Emily não faça isso comigo... Você quase morreu hoje e outra vez, seria minha culpa...    - Não diga isso...    - Digo sim! Você se machucou dessa maneira por minha culpa! Eu te mandei lá pensando que eles pudessem resolver tudo com você na base da conversa. - Falo indo até a geladeira, ao abrir pego uma bolsa de sangue e jogo para ela.     - Você matou todos?     - Sim. - Retruco firme.     - Então do que está com medo? Com certeza não estava no seu juízo perfeito, não é? Não viu todas as coisas que fez lá...    - Do que está falando? - Pergunto curioso, pois realmente aquilo que matou todos naquela mansão não era eu.     - Você controlou seu sangue para atacar os inimigos que você não conseguia tocar! Tem noção do que você é? - Ela fala com uma certa empolgação.    - De onde você acha que vem a minha sede?     - Já sabia disso?    - Eu suspeitava... Lobisomens não vivem tanto tempo, não sentem sede por sangue humano, e não conseguem fazer magia de sangue como vocês...    - Quantos anos você tem realmente?     - Fiz 812 anos na semana passada...    - Nossa e coloca muito tempo nisso...     Meu corpo ainda tá um pouco dormente, e com isso acabo caindo no chão de joelhos.     - O que foi?! - Ela pergunta e corre até mim, mas em seguida também cai ao meu lado.     - Olha o estado que você está... Me diz porque está se preocupando tanto comigo? - Pergunto curioso.     - Pela mesma razão que você não me entregou quando matei um humano... - Ela retruca, porém sua voz é quase um sussurro para mim.    - Emily por favor me escuta... Tem que fugir, eles vão te matar se te encontrarem aqui. - Para a minha desgraça, Mason entrou na sala novamente com uma cara de assustado.  - Estão vindo.   - Mason leve-a daqui; se a machucarem, eu juro que mesmo depois de morto voltarei para te matar, entendeu!? Não deixe que a machuquem! - Ordeno, e tentei ignorar o choro de Emily, tentei deixar na minha mente apenas os poucos momentos que tivemos juntos, mas a dormência no meu corpo me paralisou e a dor no meu corpo voltou a tomar conta de mim. Aquela mulher mexeu muito comigo, e eu até me esqueci de perguntar para ela se havia algum parentesco com a Alanna, mas dado as coisas que fizemos, dado ao problema gigantesco que nos metemos; preferi deixar a pergunta de lado. Não entendemos a parte do proibido, e agora ambos estamos perdidos por conta disso, mas para ser sincero, não me arrependo de nada; tenho certeza de que ela também não se arrepende...  - Olha só, se eu não te avisei que aconteceria, não é? - A voz irritante do Marcel invade meus ouvidos, e me tira dos meus pensamentos.   - E eu perguntei alguma coisa? - Rebato seco.   - Jogou sua vida fora por causa de uma mulher; um monstro como você mesmo costumava dizer!   - Cala a boca...  - Não gosta de ouvir a verdade? Você não achou a garota um monstro quando se deitou com ela, não é? - Meu sangue borbulhou ao escutar essas merdas, e num impulso, me coloco em pé na frente dele agarrando-o pelo pescoço.   - Eu mandei... CALAR A BOCA!! - Grito e a raiva que se mostra presente começa a mudar o meu corpo, e essa raiva é tão fora do normal que só ignora a quantidade de acônito que ainda corre pelo meu organismo.  Os homens que estão com ele começaram a atirar em mim, mas não sinto nada e só deposito mais força contra o Marcel, que em poucos segundos muda de cor ao ficar sem ar.   - Humanos acham que podem me dar ordens! - Esbravejo sentindo a dor do meu rosto se transformando. - Quem vocês pensam que são!?   Já estava saindo fora de mim mesmo, e percebi isso, mas não consigo parar... Tenho que colocar esse ser repugnante no lugar dele! Primeiro por ter mentido para mim! E segundo por ter deixado o Mason no comando da alcateia...   - Solte ele! - Uma voz feminina firme adentra meus ouvidos, e ao soltar o Marcel que mais parecia estar sem vida, saltei na direção dela. E eu não consigo acreditar na merda que estou vendo; porque!?   - Era pra você estar morta.   - Bom te ver também Aiden... Se divertiu com aquela outra?   Um aneurisma começa a estourar os meus miolos repetidas vezes, mas não é ela... Não pode ser ela... Do nada surgiu uma bruxinha novata que mau estava me machucando, mas a magia dela combinada com o acônito estavam sendo o que precisavam para me colocar de joelhos.   - Você será executado, e as pessoas não terão o direito nem de mencionar o seu nome! - Ouço a voz do Marcel, mas está muito alta na minha cabeça. - Você não tem ideia de com quem mexeu!   - E você tem? Estava me usando esse tempo todo achando que eu não descobriria, mas agora chega!    “- Aiden! Por favor não luta!”  Meu sangue estava pronto para atacar todos eles, mas de repente, a voz da Emily estava percorrendo meus pensamentos, como se eu estivesse ouvindo-a de muito perto, e só por isso eu recuei. Mas quando percebi que era apenas a bruxinha novata que estava me fazendo lembrar da Emily era muito tarde e já tinham me algemado. Sou levado para os fundos da igreja, onde eles jogam coisas que não querem mais usar, e aqui estou... Numa cela preso com uma coleira no pescoço. Essa merda me deixa sedado, e por isso não consigo fazer nada além de ficar sentado esperando a hora da morte. Emily... Logo verei você de novo...
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