De Repente III

1497 Words
— Não acredito que estavam mentindo para mim, quanto tempo estão juntos?! — Grito, já em minha casa. — Apenas cinco meses, nos conhecemos na Internet e depois descobri que eram irmãos. — Camille chorava desesperada, como uma perfeita culpada. — Como conseguiu mentir na minha cara, dessa forma? O Daniel tudo bem, ele não me vê todos os dias e diz ser meu amigo!!! — Grito ainda mais alto e Daniel se levanta, me afastando de sua namoradinha. — Já deu, Alice! Você não tem o direito de cobrar nada de nenhum de nós dois. Eu e a Camille nos apaixonamos e há pouco tempo descobrimos, que lhe tínhamos em comum. Isso só mostra, como nunca me considerou importante a ponto de contar para sua melhor amiga sobre mim! — Está fazendo como quando éramos crianças, jogando a culpa dos seus erros sobre mim! Você é um palhaço!! — Esbravejo, subindo as escadas rapidamente em direção ao meu quarto. — Arrume suas coisas, você irá embora para o Brasil comigo! Sou seu responsável agora!! — Ordena e bato a porta atrás de mim, jogando-me na cama. Acabo adormecendo em meio às lágrimas, que invadiram meus olhos sem pedir. Sou despertada por Camille, que chama-me. — Ali, eu fiz um sanduíche para você. Imagino que deva estar com fome. — Sussurra com a voz fraca. — Ahhh você imagina muita coisa, não é Camille? Agora irá adivinhar o que mais? Já que parece saber sempre o que é melhor para mim!! — Lhe alfineto e a ouço chorar, fazendo meu coração doer. — Eu sinto muito Ali, por tudo que tem sido obrigada á passar, mas, eu amo o seu irmão e ele sente o mesmo por mim. Você me conhece e sabe o quanto isso significa, depois de todas as desilusões que enfrentei, como pode não estar feliz por mim? — Questiona e respiro fundo, indo até a porta lhe abrindo e abraçando aquele ser humano, que era como uma irmã para mim. Camille sempre sofreu por falta de amor, tanto pelo seu pai, como sua mãe que deixara de lhe dar carinho, por ser obrigada a trabalhar todos os dias sem parar, na busca de alimenta-la. Ela buscou amor em tantas pessoas e nunca encontrou, até agora... — Me perdoa, fui uma vaca. Só acho que tive ciúmes, não quero perder minha melhor amiga. — Confesso e a mesma sorri, apertando minhas gordas bochechas, herança do papai. — Você nunca irá me perder, agora seremos irmãs! — Demonstra animação e concordo, me esforçando para compreende-la. — Vamos comer lá embaixo, Daniel fez um suco de abacaxi. — Humm, amo suco de abacaxi. — Digo e descemos as escadas, encontrando meu irmão que me abraça. — Amo você, mas, se magoar a minha amiga, arranco estes seus cabelos louros. — Calma, estamos em época de paz...Olhe, teremos que esperar um pouco para voltar ao Brasil, o governador declarou estado de emergência. — Declara e nos sentamos á mesa, para jantar sanduíche de Peru com alface e maionese. — Emergência? Por que? — Questiono e os dois se entreolham, sorrindo de forma triste. — Ainda não encontraram os homens que invadiram a boate, por isso teremos que ficar dentro de casa e não viajar, apenas por enquanto. — Camille fala e concordo, bebendo um gole de suco, para engolir mais uma crise de choro sem hora para acabar. A caçada pelos terroristas durou um mês inteiro e meu corpo branquelo, desejava de forma desesperadora usurpar da vitamina D, que vinha do sol. Desperto com a cabeça um tanto zonza, apesar de não ter ido mais á baladas desde a morte de papai. Me levanto da cama, vendo a carta que o mesmo me deixara sobre a mesa de cabeceira e novamente, me nego le-la. Sentia em mim, que quando a abrisse e lesse, seria finalmente o fim da vida de meu pai e só de imaginar, todo meu espírito gemia. — Bom dia, como passou essa noite? — Daniel pergunta, ao me ver descer as escadas. — Teve algum pesadelo? — Os mesmos de sempre, parece que nunca irão parar. — Respondo, sentando-me á mesa e o mesmo coloca uma vasilha com cereais em minha frente. — Cereais? Este mês na França, está lhe intercionalizando. — Caraca, que palavra forte. Poderíamos colocar este nome em meu filho, quando tiver um. — Zomba e reviro os olhos, pondo uma colherada na boca. — A Camille, te mata...ahh meu Deus! — Grito, subindo rapidamente as escadas e correndo para o banheiro, vomitando de uma vez. — Jujuba, tudo bem? O que está acontecendo? — Daniel, aparece na porta preocupado com meu vômito repentino. — Eu não sei, deve ter sido o cereal. — Digo, levantando-me e dando descarga, lavando a boca na pia. — Será que estava vencido? Camille comprou estes dias, quando conseguiu liberação para ir ao mercado. — O rapaz comenta, sem entender. — Amorecos!! — Ouvimos a voz de minha amiga, ecoando pelas paredes finas da casa. — Onde vocês estão? — Aqui em cima!! — Esbravejamos juntos. — Não conte a ela, que vomitei. — Cochicho para Daniel. — Por que não? Ela pode ajudar. — Daniel fala da mesma forma que eu. — Ela vai ficar paranoica. — Sussurro entre os dentes e Camille surge, sorrindo com as mãos na cintura volumosa. — O que estavam cochichando, seus bonitinhos? — Interroga, como se fosse nossa mãe. Daniel e eu nos entreolhamos e ficamos em silêncio, da mesma forma de como éramos quando pequenos. — Se não querem dizer, tudo bem então. Comprei Bacon! — Grita animada e imagino um porco sendo morto. — Ah não, denovo não!! — Corro novamente ao banheiro, vomitando mais uma vez. Sento-me sobre a privada e Camille me olha, caminhando até o quarto e voltando com uma caixa de absorventes fechada. — Claro que não, Camille! — Exclamo, temendo o que ela estava insinuando. — Ok, esse assunto está feiminino demais para mim. Vou esperar lá em baixo, pelo desdobrar da conversa. — Meu irmão força um sorriso, saindo de mansinho, como se tivesse acabado de soltar um peido. — Alice, quando foi a última vez que menstruou? Não lhe vi reclamando das cólicas monstruosas. — A mesma se ajoelha em minha frente e começo a chorar, ao entender o que podia estar acontecendo. — Não pode ser, Camille. Deus não faria uma maldade dessa comigo, sei que sou um ser humano horrível, mas, não mereço isso. — Murmuro, pondo as mãos em meu rosto. — Calma, minha mãe tem alguns testes de gravidez em nossa casa. Ela de repente acha que estou aqui, só fazendo filhos com o Daniel. — Revira os olhos, enquanto fala. — Vai ficar tudo bem, me espere aqui. — Diz e concordo, buscando me acalmar e falhando miseravelmente. Após alguns minutos, Camille retorna com cinco testes de farmácia, embrulhados em seu moletom. — Trouxe mais de um, para caso tenha algum erro no primeiro. — Sorri, os entregando para mim, fechando a porta logo em seguida. — Tá dando certo? — O que é dar certo para você? Se ficar me chamando, não conseguirei fazer xixi. — Tudo bem, vou pôr um som de chuva no celular, pode ser que lhe ajude! — Exclama do outro lado da porta, pondo no YOUTUBE, um barulho de torneira pingando. — E aí? — Eu prefiro ficar sozinha, se possível! — Lhe respondo em alto e bom som, observando aquele monstruoso positivo em minha frente. — Tudo bem, vamos fazer outro...este pode ter dado um falso positivo. — Minto para mim mesma, testando um por um dos cinco testes. — Amiga, tudo bem? Me diga, estou ficando preocupada. — Comenta, com a voz chorosa. — Eu...eu quero tirar, não adianta...não posso ficar com esse bebê dentro de mim, ele é fruto do maior sofrimento que aconteceu em toda minha vida. — Decido e Camille passa pela porta, me olhando irritada. — O que? Você não pode fazer isso, estará cometendo assassinato! — Exclama. Levanto-me, seguindo para o meu quarto e buscando forças para lhe dizer, o que já estava decidido por minha cabeça. — Posso aproveitar que ainda está recente, nem é uma criança de fato. Camille, todas as vezes que eu olhar para essa criança, irei me lembrar de que fui violada pelo pai dela. Precisa entender minha posição. — Digo firmemente. Dentro de mim havia tanta insegurança e sofrimento, mas, não podia permitir que o fruto do mal crescesse em meu ventre. — Alice, o que está dizendo? Essa criança não será o fruto do mal e sim de amor, pois cuidaremos dela com todo o carinho que existe em nós. — Daniel fala, vindo até mim e deito minha cabeça em seu colo, começando a chorar. — Eu sinto muito, mas, já decidi. Este Livro Contém Temas Sensíveis. Se Cuidem, por favor! ❤ Um grande e doce beijo, no órgão que bombeia sangue!
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